Os anteriormente chamados Lengua, atualmente Enxet, eram vagamente conhecidos durante a colônia espanhola no Paraguai.
A retirada dos Mbaya Caduveos no final do século XVIII da margem direita do Rio Paraguai, deslocando-se para a margem esquerda do rio em Mato Grosso do Sul, abriu caminho e espaço para outros povos indígenas do interior do Chaco.
Os primeiros contatos entre missionários anglicanos e os Enxet, na margem direita do rio, foram fortalecidos após a chegada na área do então jovem missionário escocês W. Barbrooke Grubb (1889), que, desde então, com base em sua profunda imersão, aprendizagem da língua indígena e uma obstinada - e questionável - vontade de cumprir sua missão evangelizadora, passou longas décadas com esse povo, estabelecendo missões anglicanas entre eles, o que foi esteio para a penetração de outros colonizadores.
O testemunho etnográfico de Grubb, além de seu viés religioso e civilizacional, oferece uma riqueza de detalhes que retrata vividamente a cultura, a cosmologia, o xamanismo e muitos outros aspectos do povo Enxet. A narração de Grubb capta e catalisa um ponto de virada do mundo precedente, livre e autônomo dos Enxet-Lengua. Estes, desde então, serão gradativamente transformados pela influência da colonização, não sem oferecer resistência à dominação e reconfigurar e ressignificar os processos e as mudanças impostas.
Rodrigo Villagra Carron
Os Lengua-Maskóy (Enxet) do Chaco Paraguaio
Tradução:
Hélio Rocha
Colaboração dos antropólogos:
Celeste Medrano
Felipe Vander Velden
Rodrigo Villagra Carron